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Uma adaptação de Capitães da Areia.

Capitães da Magia

Sob a lua, num velho trapiche abandonado, as crianças dormem.
Antigamente aqui era o mar. Nas grandes e negras pedras como ondas se fragmentavam. A água passava por baixo da ponte sob a qual muitas crianças repousam agora, iluminadas por um feixe amarelado de lua.
Durante anos, o local foi povoado exclusivamente por ratos que só se tratavam de roer a madeira das portas monumentais do imenso casarão abandonado, posto em frente a umas das praias de Salvador, até que os Capitães da Magia lançaram suas vistas ao mesmo.
Certo dia, um dos moleques passeava na extensão dos seus domínios quando entrou no trapiche, que logo virou sua moradia oficial e conheceu seus capangas que ali já estavam (porque toda a zona litorânea, como, aliás, toda a cidade, pertencia ao grupo) .
Era o chefe da equipa: Hugo Bala, o Caboclo, cujo nome foi dado por seu envolvimento com o tráfico. Hoje tem treze anos. Morava com a mãe e a avó, em uma periferia, mas preferia vagabundear nas ruas da cidade.
Hugo era ativo e sabia planejar bem os planos para a equipe, por isso todos reconheceram sua chefia e foi dessa época que a população começou a ouvir falar nos Capitães da Magia, nome dado à crianças e adolescentes que viviam do furto e do tráfico, até então, por suas “mágicas” e fugas rápidas. Eram bem uns cem, mas ninguém sabia ao certo quantos meninos participavam.
Vestidos de farrapos, sujos, esfomeados, soltando palavrões, fumando pontas de cigarro e vendendo drogas, o grupo estava nas ruas do centro da cidade baiana, quando Hugo avistou um de seus maiores inimigos de dentro da ganga: Caiçara, que estava forçando uma menina a beijá-lo e ao ver o sofrimento da mesma avançou-se contra o malfeitor, que era cinco anos mais velho.

Os dois denominam uma briga violenta e todos em volta pararam para acompanhar. Hugo, ao mesmo tempo em que com raiva de Caiçara, não podia parar de pensar que aquele modo, só poderia atenção e poderia ser apreendido. A briga contínua até a chegada de dois policiais que os surpreendenderam com golpes que defendem Hugo desacordado.
Hugo acordou então em uma viatura policial e do seu lado, seu pior inimigo o fitava. Foi então que para sua surpresa, Caiçara sussurrou:
- Vamos dar um jeito de sair daqui ...
Hugo o olhou com desconfiança, porém arquitetou rapidamente um plano em sua cabeça e respondeu:
- Abrimos a porta e nos jogamos
E assim foi feito, os dois caíram na rua e logo concebida a correr à primeira construção avistada: o Elevador Lacerda, o principal monumento histórico de Salvador. Chegando lá, subiram as escadas de emergência até o último andar e ao chegar ao fim se depararam com uma porta que continha um nome grifado: Notre Dame de Salvador e sem saber o que fazer, entraram na mesma.
Dentro dela, havia uma espécie de recepção com uma senhora sentada atrás de uma enorme mesa de madeira, que se assustou com a entrada dos meninos, os fitou como se já foram conhecidos e disse:
- Olha quem eu estava procurando ... Sabia que vocês vinham
Sem sentido nada, os dois se olharam e a velhinha disse os nomes corretos dos mesmos .....


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